MINHA MÃE MORREU, E MINHA VIDA DESDE ENTÃO
Vi agora que minha ultima postagem aqui foi em setembro de 2020... mamãe morreu em outubro, de câncer, eu tinha saído de Curitiba em 2016 e voltado pra minas para cuidar dela, eu detesto a cidade onde ela morava, suportei o que eu consegui, adoeci pra caramba, ferí algumas relações que provavelmente nunca vão se curar totalmente, mas aguentei até fevereiro de 2020, quando voltei pro Paraná, e aí mamãe morreu.
Até hoje eu não fiz um rito formal de passagem pra ela segundo os preceitos Walonianos, eu pus a mesa pra ela no Samhain de 2021... não sei se é suficiente, eu não lido bem com a morte e ou com a decrepitude, por isso abandonei minha devoção a Morrigan e me aproximei de Ernmas, sua mãe... Hoje, em 2022 quando eu volto a escrever, uma criança morreu, de uma doença que já tem vacina, ela morou no mesmo terreno que eu, e era tão pobre que vinha no meu banheiro porque o dela não tinha papel higiénico... hoje o Brasil abortou uma criança nascida, e eu não estou nada bem.
Durante esse ano e meio ausente daqui, eu não questionei minha fé, eu não amaldiçoei os deuses por levarem minha mãe, mas eu acho que fiquei mais cético, Hoje pra mim é mais difícil acreditar que as coisas espirituais podem interferir diretamente no mundo físico, eu não consigo acreditar em curas por energia como eu conseguia antes, Reiki me parece uma bobagem, homeopatia é pseudo ciencia, e só de ouvir a palavra "quantico" da boca (ou dedos) de um ocultista, me dá vontade de bater em alguém.
Ao mesmo tempo, no Lughnasadh de 2021 eu fiz um amuleto e simplesmente pedi "dinheiro", Cami, minha esposa foi empregada duas semanas depois (estava fora do mercado de trabalho a 11 anos), e em agosto, uma pessoa literalmente veio até a minha porta e me ofereceu um emprego... Lugh é mais!
Eu celebrei todos os festivais, alguns com mais empenho, outros com menos, eu sempre tenho um pouco de preguiça de Beltane, mas acendi duas fogueiras lindas ano passado.
Esse ano, Lughnasadh já passou, e eu celebrei de forma mais humilde do que gostaria, minha casa estava nojenta e eu não tive forças pra limpar, arrastei a sujeira pra um canto e celebrei aquele que devia ser o mais importante festival pra mim, o festival que foi criado pelo deus que me acompanha desde os 14 anos, o festival que ele criou em homenagem a mãe que morreu, mudando o mundo! eu me envergonho disso, mas eu me perdôo, eu estou doente, ninguém poderia viver com a casa naquela situação sem estar doente, eu preciso de ajuda e estou procurando.
Nesse tempo todo sem escrever, minha vida espiritual continuou muito ativa, eu continuei fazendo oferendas, continuei falando, agradecendo e pedindo aos deuses por ajuda, eu continuei descobrindo coisas novas, continuei apoiando como pude minha comunidade e, ajudando como pude aqueles que dizem buscar esse caminho... eu ainda estou de luto por minha mãe, eu ainda não sei lidar com isso, mas a vida vem continuando, e vem melhorando, e lá na casa de Don... ela está muito orgulhosa de mim e do que eu venho construindo.
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