Devoção

 




Outro dia eu ouvi um termo "frequência afetiva”, achei interessante e fui pesquisar, 

Ao que parece existem pessoas que têm necessidade de demonstrar e receber demonstrações de afeto diariamente para se sentirem verdadeiramente amadas e amando, ao passo que algumas outras pessoas podem passar meses sem falar com os amigos e ainda assim amá-los profundamente. Eu sou do segundo grupo. 

Inicialmente eu pensei em chamar esse texto de "frequência religiosa”, mas isso é tolice! Religião é o que se não afeto? Nossa relação com os deuses é o que se não uma relação de amizade? Eu ao menos acho que é isso o que deveria ser, eu não me meto com Morrigan já que a “vibe” dela não bate com a minha e por isso não sou devoto, não somos amigos, Já a mão dela, vista com medo por algumas pessoas pra mim é uma senhora doce e rigorosa como minha falecida avó, eu sou amigo dela, e por tanto sou devoto! Esculpi um pequeno ídolo de madeira que fica na minha janela, da mesma forma que mantenho algumas lembranças de meus amigos mais terrenos por perto, às vezes eu só olho pro Ídolo e lembro que gosto dela, as vezes eu sorrio com isso as vezes não, às vezes eu faço oferendas pra ela, mas nem sempre, porque eu tenho uma baixa frequência afetiva, e Ernmas sabe disso! 

Acho que os Sacerdotes da Ordem já entenderam isso sobre mim também, quando há um projeto a ser engajado, eu me engajo se tiver tempo hábil e vou me dedicar pra caramba e aí o projeto acaba e eu fico sumido por meses, porque essas interações me consomem energia, e eu preciso recarregar… 

Eu Lembro que quando o Clã Lamhfada era ativo, os garotos que entraram por último começaram a se sentir em dívida com sua devoção, eles “olhavam” pra mim e pra Carol como se fossemos devotos exemplares com práticas irretocáveis e se acharam "indignos" de se denominarem devotos, eu não consegui mostrar pra eles o quão desleixado eu sou sobre isso, não consegui mostrar pra eles que minha devoção a Lugh é uma amizade velha e bem estabelecida, eu não tenho uma prática regular de devoção, eu não entoo cânticos a cada entardecer, não faço libações a cada nove dias… eu só sou amigo dele e ele meu, do jeito que sou amigo de pessoas aqui pela terra mesmo, as vezes eu dou uns presentes, às vezes ele me ajuda numas coisas, as vezes ele me ajuda sem eu dar presentes, às vezes eu dou presentes e ele não pode me ajudar, às vezes a gente só conversa e é isso.. uma relação pacífica, de boa, como deve ser, creio eu. 


Comentários

  1. Caraca, Nehru. Me lembrei realmente da imagem que sempre passamos de "devotos exemplares" e eu ajo exatamente como tu descreveu que tu age. Um dia comecei a esbravejar em casa dizendo pro meu marido que minha fidelidade religiosa era cumplicidade. E eu devia só aos Deuses e não às pessoas, mesmo que toda relação seja sagrada (estávamos falando de pagar pequenas fortunas para se manter ativo religiosamente e tal). Será que essa pureza disfarçada de displicência não é justamente o que tem de mais sincero entre nós e Lugh?

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